Raças de Cavalos Criadas no Brasil

Fig. 10.0

Uma das perguntas mais difíceis de serem respondidas, de forma imparcial e isenta, é qual a melhor raça de cavalos?
Cada raça, selecionada pela mão do homem para suprir necessidades específicas e necessárias em determinado momento, tem sua função e utilidade, e devido a essa seleção, tem sua função específica.
Grande discussão ainda cerca o meio equestre de todo o mundo sobre o que é raça de cavalo. Alguns, puristas ao extremo, caracterizam uma raça apenas após 25 gerações, pois, alegam, é somente após esse período que as características morfológicas e funcionais estão totalmente fixadas pela genética. Sendo assim, segundo esses, somente o Lusitano e o Árabe é que seriam raças formadas, sendo as demais ainda em formação.
Acho isso pura bobagem, pois muitas outras denominadas raças de cavalos conseguem transmitir um padrão morfofuncional muito bem caracterizado a seus descendentes com menos gerações.
Outros ainda colocam que raça mesmo não é uma denominação que deva ser amplamente utilizada, pois geneticamente, no DNA, todos os cavalos são semelhantes, sendo assim impossível de qualificar uma raça deste ponto de vista. Estes reconhecem diferenças entre os animais, mas preferem chamar de tipos de cavalos que se diferenciam morfofuncionalmente e cuja genealogia é controlada por uma entidade, as Associações de Criadores.
Independente da denominação mais ou menos purista, o termo raça é amplamente aceito e divulgado para uma caracterização de aspectos morfológicos e/ou funcionais de animais com funções semelhantes, que transmitam essas características a seus descendentes, com origem conhecida e que sejam controlados pelos respectivos serviços de registro genealógico (stud book) de cada entidade.
Existem hoje no Brasil 10 raças de cavalos de sela e 03 raças de pônei formadas em território nacional, 14 raças de cavalos de sela e tração e 03 raças de pônei de origem estrangeiras e criadas em diversos estados, cada uma delas selecionadas para atender às necessidades esportivas, de trabalho e gostos pessoais do ser humano.
Algumas delas se sobrepõem em função, quer seja esportiva, trabalho ou lazer, ou simplesmente pela beleza plástica e estética, outras se destacam pela sua rusticidade e grande adaptação às condições adversas e, às vezes, inóspitas.
Todas elas têm seu lugar ao sol, sua utilidade e devem ser preservadas e respeitadas por todo amante do cavalo, por todo aquele que realmente gosta e respeita esse belo e nobre animal.
A seguir, descrevemos, em ordem alfabética, as raças de cavalos conhecidas e criadas no Brasil, com breve origem, características principais como andamento, peso, altura e pelagens, além de tópicos referentes aos animais do Brasil. Primeiramente seguem as raças com origem no Brasil, e a seguir as raças estrangeiras.

RAÇAS BRASILEIRAS

BRASILEIRO DE HIPISMOFig. 10.11 BH

No início da década de 70, o criador Ênio Monte resolveu criar uma raça brasileira destinada ao hipismo. Para tanto, cruzou as raças Orlof, de origem russa, com Westfalen e Trakehner, alemãs, e pequenas doses de PSI, Hanoveriano, Holsteiner e Hackney, Oldenburg, Sela-argentina, Sela-francesa etc.
Cavalos importados dessas raças são registrados na Associação Brasileira de Criadores de Cavalo de Hipismo, fundada em 1975 e que conta com mais de 18.000 animais registrados no Stud Book e 230 associados. Hoje já existe um livro fechado, mas nada impede que a raça seja aprimorada através da renovação de sangue (pool genético) com indivíduos das raças formadoras.
A raça é mais utilizada para Salto, Adestramento, CCE (concurso completo de equitação), Equitação de Trabalho e Volteio.
São permitidas todas as pelagens, em todos os seus matizes.
Os animais possuem altura média de 1,68m para machos e 1,65 m para fêmeas, com peso médio de 600 kg para machos e 550 kg para fêmeas, com andamento tipo Trote.

PRINCIPAIS RAÇAS FORMADORAS DO BRASILEIRO DE HIPISMO
Raça Origem Raça Origem
Andaluz Espanha Puro Sangue Inglês Inglaterra
Anglo-Árabe França Sela Argentina Argentina
Árabe Oriente Médio Sela Belga Bélgica
Budjony Rússia Sela Dinamarquesa Dinamarca
Hackney Inglaterra Sela Francesa França
Hanoveriano Alemanha Sela Holandesa Holanda
Holsteiner Alemanha Sela Sueca Suécia
Hunter Irlandesa Irlanda Trakehner Alemanha
Lusitano Portugal Westfalen Alemanha
Oldenburger Alemanha Zangersheide Bélgica
Orloff Rússia e outras raças de aptidão esportiva

CAMPEIRO

Fig. 10.13 Campeiro

Raça originária em Santa Catarina que teve origem no século XVI, de cavalos de origem espanhola levados por Álvaro Nuñez Cabeza de Vaca em expedição ao interior do Brasil. No século XVIII foram observados rebanhos de cavalos selvagens originários desta expedição que se desenvolveram em liberdade formando um padrão fenotípico homogêneo, com características morfológicas semelhantes ao Crioulo, e tão resistente e rústico quanto este, mas melhor adaptado para regiões acidentas, típicas de região onde se desenvolveu.
A raça desenvolveu-se muito bem nas regiões de Curitibanos, Campos Novos, Ponte e Lajes, sendo hoje seu habitat natural.
Em 1976 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Campeiro, com sede em Curitibanos, SC, sendo a raça oficializada pelo Ministério da Agricultura em 1985. Estima-se hoje 2.000 animais registrados e próximo de 100 criadores.
O Cavalo Campeiro é muito utilizado para lida com gado e em cavalgadas.
As pelagens aceitas na raça são tordilho, castanho e baia, em suas variações.
Os animais possuem altura média de 1,48 m e peso médio de 400 kg, com andamento tipo Marcha de 04 tempos.

CAMPOLINA

Fig. 10.14 Campolina

A raça Campolina foi criada pelo Coronel Cassiano Campolina, da cidade de Entre Rios, no Estado do Rio de Janeiro. Em 1857, Cassiano Campolina começou comprando as melhores éguas existentes no município de Entre Rios e cruzando-as com reprodutores também do mesmo Município; esses, no entanto, eram escolhidos, altos e bons marchadores. Em poucos anos tinha em sua Fazenda um plantel de éguas novas, altas e marchadeiras.
Cassiano Campolina trouxa da cidade de Juiz de Fora uma égua preta, de nome Medeia, coberta por um Andaluz; poucos meses depois nascia um belo potro, sendo considerado o primeiro cavalo Campolina.
Por 25 anos aquele potro, chamado Monarca, foi utilizado como reprodutor do plantel de éguas da fazenda de Cassiano Campolina, que ainda introduziu sangue Anglo-Normando, através do garanhão Menelicke.
Após a morte de Cassiano Campolina, foram ainda introduzidos animais de sangue Marchador, Puro Sangue Inglês, Andaluz, Anglo-Normando para se obter um animal de porte grande e andamento cômodo.
Em 1951 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Campolina para direcionar os rumos da criação, ainda aceitando éguas e cavalos no Stud Book em registro de livro aberto, até o ano de 1966, quando se fechou definitivamente o registro para animais não filhos de Campolinas controlados pelo Stud Book.
O Cavalo Campolina é famoso pela sua marcha cômoda e andamento característico, sendo esta sua marca registrada, e é muito utilizado em cavalgadas e provas de marcha.
São admitidas todas as pelagens e particularidades.
Os animais possuem altura mínima de 1,54 para machos, com 1,62 sendo ideal nos adultos, mínimo de 1,45m para fêmeas, sendo ideal 1,56m para adultos, com peso médio de 500 kg, com andamento tipo Marcha.

LAVRADEIRO

Fig. 10.16 Mestiço Lavradeiro

A origem do cavalo Lavradeiro data do inicio do século XVIII, quando os portugueses chegaram ao hoje estado de Roraima, levando cavalos provavelmente de origem Andaluz, onde os animais se reproduziram em estado selvagem devido às extensas áreas de pastagem disponível.
Encontrando condições geo-climáticas adversas e de pastagens de baixa qualidade nutritiva, o Lavradeiro adquiriu através dos séculos características peculiares como porte pequeno, altíssima fertilidade (segundo dados da Embrapa, chegam a 100%), conseguindo alcançar grandes velocidades por longo período (mantém 60 km/hora por 30 minutos, em liberdade), sendo muito resistentes ao trabalho e às enfermidades, inclusive à Anemia Infecciosa Equina.
Estima-se que existam 2.000 animais em Roraima, sendo 1.500 criados em grandes propriedades de maneira extensiva.
A caça indiscriminada quase levou a raça à extinção, mas projetos de pesquisa e preservação da espécie em Roraima, realizados pela Embrapa, buscam manter essa raça selecionada pela natureza em seu habitat natural.
Apesar de serem animais selvagens, quando domesticados tornam-se muito dóceis, de fácil lida e manejo, sendo ótimos para montaria e lida com o gado.
As pelagens encontradas são castanha, tordilha, rosilha, alazã e baia.
A altura média dos animais é de 1,40m e o peso médio é de 280 kg. O andamento é o trote.

MANGALARGA

Fig. 10.18 ML

O cavalo Mangalarga teve sua origem no cavalo da Península Ibérica. Os cavalos trazidos pelos colonizadores do Brasil eram nativos da Península Ibérica e Berbere. Com a vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil, foram também trazidos os melhores espécimes Lusitanos da Coudelaria Real de Alter, fato que desempenhou papel decisivo na formação da raça, pois os reprodutores trazidos nesta viagem, assim como seus descendentes foram muito utilizados pelos criadores da época para o melhoramento de seus rebanhos.
Os primeiros animais vieram de criatórios da família Junqueira do sul de Minas Gerais, que trouxeram exemplares e se estabeleceram na região de Orlândia e Colina, SP, onde definiram as bases de sua seleção e é erroneamente chamado de Mangalarga Paulista, pelos primórdios de sua criação e base no Estado de São Paulo.
Como esses criadores procuravam animais para o trabalho nas fazendas (lida com o gado) e para o esporte (na época, a caçada do veado), desenvolveu-se uma raça dotada de qualidades imprescindíveis a tais finalidades, com bons andamentos, resistência, docilidade e nobreza de caráter.
Assim sendo, desde a sua origem, o cavalo Mangalarga foi selecionado como animal de trabalho e esporte.
Uma grande característica da raça é sua marcha cômoda, intermediária entre a marcha batida e o trote, denominada de marcha trotada. Caracteriza-se por um andamento diagonal, bipedal de dois tempos. Diferencia-se do trote porque tem um tempo ínfimo de suspensão entre os apoios, o mínimo necessário para que se processe a troca dos mesmos. Vem desta particularidade o pouco atrito.
A fundação da Associação de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, que posteriormente passou a chamar-se Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga ocorreu em 1934. Hoje a Associação possui 193.000 animais registrados em seu Stud Book, sendo considerados vivos 60.000 animais e 1.400 criadores espalhados por todo o Brasil, com forte predominância nos Estados de São Paulo, Bahia e Distrito Federal.
São admitidas todas as pelagens, a exceção da pelagem albina (despigmentada) e a pintada (tipo Appaloosa e Persa).
A altura mínima para machos é de 1,50m e para fêmeas 1,45m, com peso médio de 500 kg. O andamento é a marcha trotada.

MANGALARGA MARCHADOR

Fig. 10.19 MM

O início da criação do cavalo Mangalarga Marchador, também erroneamente conhecido como Mangalarga Mineiro, pelos primórdios de sua criação no Estado de Minas Gerais, mais precisamente no Sul de Minas Gerais, se confunde com a do Mangalarga.
Desta forma descende de animais Lusitanos e Berberes trazidos para o Brasil pela comitiva Real de D. João VI, no século XIX.
Consta que os primeiros animais foram selecionados na Fazenda Campo Alegre, pertencente a Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas. Outro grande incentivador da raça em seus primórdios foi seu sobrinho José Fausino Junqueira, grande adepto e incentivador de caçadas de veado e selecionador de cavalos de marcha cômoda e resistência para esta atividade.
As bases da seleção do cavalo Mangalarga Marchador priorizaram a marcha, denominada de marcha batida ou então a marcha picada, que se caracterizam pelo apoio tripedal, ou tríplice apoio, isto é, em determinado momento da marcha, três membros do animal se apoiam no solo, dando característica mais cômoda ao andamento.
Hoje o cavalo Mangalarga Marchador é muito utilizado em Provas de Conformação, Provas de Marcha, Enduro, Cavalgadas, e até mesmo para Salto, como vem sendo selecionado pela Coudelaria Desempenho, no interior do Rio de Janeiro, com resultados bastante expressivos.
Fundada em 1949 em Belo Horizonte, MG, a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador tem registrado em seu Stud Book mais de 300.000 animais e conta com mais de 8.000 associados espalhados por todo o Brasil, com predominância nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Espírito Santo.
São admitidas todas as pelagens, a exceção da pelagem albina.
A altura para machos mínima é de 1,47m e máxima de 1,57m, sendo ideal 1,52m. Para fêmeas, a altura mínima é de 1,40m e máxima 1,54m, sendo ideal 1,46m, com peso médio de 400 kg. O andamento é a marcha batida, picada e de centro.

MARAJOARA

Fig. 10.20 Marajoara

Raça desenvolvida na Ilha de Marajó, no estado do Pará, oriundos de uma seleção natural que ocorreu na ilha de cavalos de nativos da Península Ibérica e Berbere que ali chegaram no século XVII.
O cavalo Marajoara adaptou-se muito bem às condições adversas da ilha, com excesso de umidade o ano todo e clima muito quente e úmido, procriando-se aos milhares, estimando-se em mais de 1.000.000 de cabeças no final do século XIX, além das necessidades locais da ilha, a tal ponto que teve seu abate estimulado pelo governo local por trazer prejuízos às outras atividades agropecuárias.
Em 1979 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Marajoara, com sede em Belém, PA, com instalação de um Posto de Fomento para preservação e divulgação desta raça, muito rustica e útil ao serviço nas condições rusticas e adversas do ambiente local. Estima-se em mais de 150.000 exemplares do cavalo Marajoara que povoam algumas regiões do norte do Brasil, a maioria mestiçados com Mangalarga, Puro Sangue Inglês e Árabe.
É muito utilizada como animal de serviço na lida com búfalos e gado bovino na Ilha de Marajó, além de hoje ser utilizada como cavalo de esporte, em festas tradicionais de Ilha como competições de resistência, prova de argola, prova de velocidade que ocorrem em diversas cidades no festival do cavalo Marajoara.
São aceitas todas as pelagens, exceto Pampa e Albina.
A altura para machos mínima é de 1,35m e máxima de 1,56 m; para fêmeas a mínima é de 1,30m e máxima 1,50 m, com peso médio de 350 kg. O andamento é o trote em todas as modalidades, andamento com apoio, bipedal diagonalizado.

NORDESTINO

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A origem do cavalo Nordestino data dos séculos XVI e XVII, com os primeiros animais que aqui desembarcaram para desbravar o continente. Acredita-se que esses animais seriam das raças Sorraia e Garrano, ambos de origem portuguesa, muito utilizados na lida diária, de porte pequeno e grande resistência para o trabalho e condições adversas, e que possuem em sua formação um ancestral mais antigo, o Berbere, e que muito deixou de características para o cavalo Nordestino.
É um cavalo pequeno, mas muito resistente, bem adaptado às condições do semiárido nordestino, que teve uma grande disseminação por essa região por alguns séculos, miscigenando o sangue Sorraia e Garrano com cavalos de outras raças aqui presentes, principalmente lusitanos e até árabes. Com a entrada e seleção de outras raças de cavalos de maior porte e o advento da modernidade no trabalho de campo, muito se perdeu desta raça, ficando quase desaparecida no século XX, encontrada apenas em alguns pontos do interior nordestino.
Segundo Sérgio Beck, a primeira vez que se buscou padronizar o cavalo Nordestino foi na década de 30, do século XX, por órgãos oficiais que buscaram um padrão racial que, por ser amplo demais, não logrou êxito.
Desta época até 1975, quando foi fundada, em Recife-PE a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Nordestino, a raça desenvolveu-se sem nenhum padrão morfológico, sendo orientada apenas pelas pressões ambientais, isto é, animais mais bem adaptados às condições do semiárido é que se reproduziam com mais eficiência.
Por diversos motivo políticos, a associação deixou de fazer o controle de registro e fomento da raça no final dos anos 90. Entretanto, a partir desta primeira década do século XXI, um grupo de abnegados amantes do cavalo e da cultura nordestina, em especial do cavalo Nordestino, buscam resgatar, fomentar e incentivar a criação controlada desta raça, fundando a Associação Equestre e de Preservação do Cavalo Nordestino (AEPCN), que conta com regulamentos e congrega todos os interessados em preservar esse animal especialmente adaptado à região.
São aceitos todos os tipos de pelagens, exceto a albina.
A altura mínima para machos é de 1,35m e de 1,30m para fêmeas, e a altura máxima é de 1,50m. O andamento é o trote em todas as suas modalidades.

PAMPA

Fig. 10.25 Pampa

O cavalo pampa não é propriamente considerado uma raça, pois abrange animais oriundos de outras raças que tenham como característica principal sua pelagem.
O principal objetivo da associação é a formação de um cavalo pampa com aptidão esportiva e de lazer, sendo aceitos cavalos de origem em diversas raças.
A base de formação é de um cavalo de padrão morfológico internacional para sela, preservando as modalidades de andamento. Para não descaracterizar o padrão morfológico Pampa nacional são vetados os registros de animais de origem no Quarto de Milha e no Puro Sangue Árabe, dentro outras raças consideradas exóticas.
São aceitos registros de cavalos Pampa com origem nas seguintes raças: Anglo-Árabe, Campeiro, Campolina, Crioulo, Mangalarga, Mangalarga Marchador e Puro Sangue Inglês.
Devido a essa diversidade racial, tendo como principal ponto comum a pelagem conjugada, há grandes diferenças de andamento e morfologia dentro do cavalo pampa. Nos julgamentos em exposições, os animais são previamente divididos em 05 categorias pelos juízes, conforme o tipo de andamento e avaliados em morfologia e andamento em suas respectivas categorias, que são:
Marcha batida: andamento dissociado a quatro tempos bem definidos e quatro batidas que se aproximam duas a duas na sonoridade. Há predominância dos avanços dos bípedes em diagonal e momentos de tríplice apoio.
Marcha picada: andamento dissociado a quatro tempos bem definidos e quatro batidas que se aproximam duas a duas na sonoridade. Há predominância dos avanços dos bípedes em lateral e momentos de tríplice apoio.
Marcha de centro: andamento dissociado a quatro tempos com quatro batidas, com espaçamentos aproximadamente iguais, com momentos de tríplice apoio e em que não se evidencia predominância do deslocamento dos bípedes diagonais ou laterais.
Marcha trotada: andamento de avanços diagonais sincronizados, em dois tempos, em que não se observa nitidamente o momento de suspensão para a troca dos apoios.
Trote: andamento de avanços diagonais sincronizados, em dois tempos, em que se observa nitidamente o momento de suspensão para a troca dos apoios.

A ABCCPampa foi fundada em 1993 e conta com 12.000 animais registrados em seu Stud Book e 1.500 associados, sendo 800 considerados ativos e regulares.
A Pelagem pampa é conjugada com as pelagens sólidas contidas no regulamento, sendo que o animal deverá ter no mínimo uma área de pelos brancos sobre pele despigmentada medindo em torno de 100 cm2, podendo ser composta de, no máximo, duas manchas formando a área total. As despigmentações de crina e cauda podem ser de qualquer forma e tamanho expressivo. Na composição da pelagem pampa, serão permitidas as seguintes pelagens: alazã; baia; branca; castanha; lobuna; preta; rosilha; tordilha.
A altura mínima para machos é de 1,45m e 1,40m para fêmeas, com peso médio de 500 kg. São aceitos qualquer modalidade de andamento natural, exceção da andadura nos machos.

PANTANEIRO

Fig. 10.26 Pantaneiro

O cavalo Pantaneiro tem origem de cavalos oriundos de expedições de exploração do interior do Brasil que se organizaram desde o século XVI, levando cavalos de nativos da Península Ibérica e Berbere ou Barbo, além do Crioulo Argentino. Também recebem outras denominações, conforme a região do Mato Grosso onde vivem, onde são chamados de Mimoseano (oriundos dos campos de capim mimoso, no município Barão de Melgaço), Poconeano (oriundos do município de Poconé) ou Bahiano ou da Bahia (oriundos da campina Bahia).
Esses animais das expedições encontraram na liberdade do Pantanal mato-grossense condições inóspitas de excesso de umidade, mas com pastagem em abundância para sua proliferação e seleção natural, alternância de clima seco para úmido, o que lhe confere características peculiares como alta resistência dos cascos à umidade e uma grande capacidade de capturar alimentos oriundos de pastagens submersas, condição comum na maior parte do ano no Pantanal.
No final do século XIX e inicio do século XX ocorreram infusões de sangue árabe, anglo-árabe e puro sangue inglês para a formação do cavalo atual, buscando elevar o porte e melhorar sua conformação. Porém essa mistura nem sempre deu certo, pois ao mesmo tempo em que elevava o porte do cavalo, piorava sua rusticidade, conseguida através dos séculos de seleção natural.
Os primeiro criadores foram os índios cavaleiros Guaicurus que chegaram a ter mais de 20.000 animais domesticados em seu rebanho e foram os responsáveis pela sua proliferação por toda a região do Pantanal mato-grossense.
A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Pantaneiro foi fundada em 1972, em Poconé, MT e busca a preservação desta raça cuja seleção natural deve ser muito bem respeitada. Existem hoje 3.000 animais registrados na associação que conta ainda com 120 criadores e 80 proprietários do cavalo Pantaneiro, espalhados pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além da Bolívia.
É um cavalo muito utilizado na lida diária com o gado e em provas de resistência, maneabilidade e velocidade, além de cavalgadas pelo Pantanal.
São aceitas todas as pelagens, exceto a albina.
A altura mínima para machos é de 1,40m e para fêmeas de 1,35m, com peso médio de 350 kg. O andamento é o trote.

PÔNEI

Pôneis são equinos de baixa estatura, com as mesmas origens dos equinos em geral.
Na Europa são designados quaisquer equinos com estatura inferior a 1,50m e podem ser de várias raças dependendo do país de origem.
Os primeiros pôneis foram selecionados da necessidade das minas de minérios em animais de baixa estatura e fortes para retirar as cargas de minérios das minas nos corredores estreitos e íngremes.
No Brasil, a Associação Brasileira de Criadores de Pônei, fundada em 1965, controla o registro genealógico de algumas raças como Pônei Brasileiro, Piquira, Fjord, Haflinger, Shetland e Wesh Pony, Pônei de Hipismo e Reit Poney, estes dois últimos com apenas 15 e 08 animais registrados na associação, respectivamente.
A associação conta atualmente com 1963 associados, sendo 300 bastante atuantes, espalhados por todo o Brasil, tendo próximo de 38.000 animais registrados de todas as raças.

PÔNEI BRASILEIRO

Fig. 10.28 Pônei BRO Pônei Brasileiro é um animal descendente dos pôneis de Shetland da Escócia e Falabella da Argentina. O criatório nacional conta com quase 22.000 animais registrados na associação.
É destinado à iniciação de crianças na equitação, também utilizado em tração leve.
São aceitas todas as pelagens, exceto albinoide.
A altura ideal é 0,90m, sendo o máximo permitido para machos é de 1,00m e 1,10, para fêmeas. O peso situa-se entre 100 e 150 kg. O andamento é o trote, mas são aceitos animais de marcha.

PIQUIRA

Fig. 10.29 PiquiraO Piquira é um animal oriundo de Minas Gerais, que se espalhou por todo o Brasil, formado pela mistura de diversas raças através da seleção com éguas de pequeno porte. Pode ser utilizado com tranquilidade em iniciação de crianças no hipismo, possuindo estatura superior ao pônei brasileiro, podendo chegar a 1,30m. O criatório nacional conta com mais de 15.000 animais registrados na associação.
É muito utilizado na sela e atrelagem. Na sela pode ser utilizado em diversas modalidades hípicas como salto, cavalgadas e provas de marcha, devido a seu andamento cômodo. É o menor dos marchadores.
São aceitas todas as pelagens, exceto albinoide.
A altura ideal para machos é de 1,22m, sendo o máximo permitido de 1,30m. Para fêmeas a altura ideal é de 1,20, sendo o máximo permitido de 1,28m. A altura mínima é de 1,15m.. O peso situa-se entre 120 e 200 kg. O andamento é a marcha batida ou picada.

PURUCA

Fig. 10.35 Puruca

O Puruca é um pônei selecionado na região norte do país, mais precisamente na Ilha de Marajó, no Pará. É oriundo do cruzamento de Marajoara com pôneis Shetland.
São animais selecionados pela sua altura e temperamento dócil e enérgico, muito utilizado na lida de fazendas, tendo grande resistência, velocidade em galopes curtos e adaptação a locais pantanosos e ao clima quente e úmido.
São aceitas qualquer pelagem exceto albina e pampa.
A altura para macho mínima é de 1,10m e máxima, 1,18m e para fêmeas a mínima é de 1,00m e a máxima é de 1,16m, com peso entre 150 e 200 kg. O andamento é o trote em todas as suas modalidades, com apoio bipedal diagonalizado

RAÇAS ESTRANGEIRAS

ANDALUZ

Fig. 10.1 Andaluz

A raça Andaluz possui as mesmas origens da raça Lusitana, datada desde a antiguidade, quando Homero cita os animais selecionados na Península Ibérica nas Ilíadas. Os cavalos selvagens ibéricos foram cruzados com cavalos berberes durante os oito séculos em que os mouros dominaram a região, e dessa cruza resultou o Andaluz.
Esses cavalos de sangue quente receberam a denominação da região geográfica de sua origem, Andaluz, sendo então criados na Espanha e em Portugal.
Posteriormente, os cavalos selecionados na Espanha receberam o nome de Pura Raça Espanhola (PRE), enquanto os selecionados em Portugal receberam o nome de Puro Sangue Lusitano (PSL).
A raça Andaluz foi introduzida no Brasil pelos espanhóis à época da colonização, mas quase desapareceu no século XVIII, vindo a ser reintroduzida por um toureiro espanhol em 1966 quando se reiniciou a criação da raça no Brasil, mas sem controle de registro genealógico oficial.
A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Andaluz foi fundada em 1975, sendo à época responsável pelo controle de registro genealógico de animais de origem da Espanha e Portugal. Em um acordo feito com a Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Lusitano (APSL), em 1991, criou-se a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Lusitano (ABPSL) que tem a reciprocidade de registros nas duas associações, ficando o Andaluz com uma pequena parcela do criatório original registrando apenas os animais de origem espanhola.
A sede atual está baseada em Belo Horizonte, contando o Stud Book com 40 animais registrados, com excelente linhagem genética, tendo alguns exemplares exportados para a Espanha.
É um cavalo utilizado para touradas na Espanha, devida a sua extrema inteligência, sendo um ótimo animal também para Sela, Adestramento e Equitação de Trabalho, além de ser utilizado para Salto, Atrelagem, Enduro e Volteio.
As pelagens aceitas na raça são tordilho, castanho e alazão.
Os animais possuem altura média de 1,57 m e peso médio de 500 kg, com andamento tipo Trote.

ANGLO-ÁRABE

Fig. 10.2 AA

Através de uma criteriosa seleção entre cruzamentos de cavalos Puro Sangue Árabe (PSA) e Puro Sangue Inglês (PSI) surge, na primeira metade século XIX, na França, mais precisamente no Haras Pompadour, a raça Anglo-Árabe.
A intenção era aliar a resistência e coragem à velocidade e porte atlético, criando-se um cavalo com excelente aptidão esportiva.
Foi introduzida no Brasil no final da década de 40 pela Coudelaria de Colina, interior de São Paulo, hoje APTA Regional (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – Polo Regional), mas o controle oficial da raça deu-se somente a partir do início da década de 70, pela Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Árabe.
Hoje a raça conta com mais de 4.000 cavalos registrados no Stud book.
Os cavalos da raça anglo-árabe são utilizados principalmente em provas de Conformação, CCE (Concurso Completo de Equitação), Enduro, Salto e Hipismo Rural.

CRUZAMENTO PRODUTO X REGISTRO
São permitidos ainda hoje cruzamentos diretos de cavalos da raça árabe e puro sangue inglês ou descendentes diretos de anglo-árabe para registros, conforme a tabela abaixo, sendo que o percentual de sangue árabe não pode ser superior a 75% nem inferior a 25%.

PSA x PSI = RAA 50% PSA Aprovado
PSA x RAA = RAA 75% PSA Aprovado
PSI x RAA = RAA 25% PSA Aprovado
RAA x RAA = RAA Aprovado em qualquer porcentagem.

As pelagens aceitas na raça são tordilho, castanho, alazão e suas variedades.
Os animais possuem altura média de 1,58 m e peso médio de 500 kg, com andamento tipo Trote.

APPALOOSA

Fig. 10.3 Appaloosa

A raça Appaloosa, também conhecida como cavalo dos índios, tem sua origem na América do Norte, no século XIX, selecionada pela tribo dos Nez Perce, às margens do Rio Paloose, daí a origem do nome. Nestes primórdios os cavalos foram selecionados pela sua pintura característica onde ocorre a incidência de uma manta branca na garupa do animal, podendo se estender por todo o corpo, dando características peculiares à raça.
Primeiramente selecionada pelos colonizadores americanos para lida com gado, baseada principalmente em sua pelagem, hoje o cavalo Appaloosa é muito utilizado com destaque em provas de trabalho, como Apartação, Baliza, Laço de Bezerro, Laço em Dupla, Maneabilidade e Velocidade, Rédeas, Tambor e Team Penning, entre outras.
Foi introduzida no Brasil na década de 70 possuindo hoje mais de 25.000 animais registrados e 2.000 criadores por todo o país.
As pelagens aceitas na raça são preta, zaina, tordilho, castanho, alazão, baia, palomina e rosilha.
Os animais possuem altura média de 1,50 m e peso médio de 500 kg, com andamento tipo Trote.

Peculiaridades da Pelagem do Appaloosa: aqui se evidenciam as características particulares dos animais da raça Appaloosa, que podem ser:

• Manta: área branca sólida, geralmente sobre a região dos quartos, mas sem se limitar sobre a mesma. Na manta normalmente encontram-se pintas ou manchas de pelagem básica.
• Leopardo: refere-se ao animal branco com manchas ou pintas escuras em todo o corpo, inclusive nos membros, pescoço e cabeça.
• Nevado: refere-se ao animal que apresenta uma mistura de pelos brancos e pelos da cor básica, geralmente sobre a área dos quartos. Assemelha-se a flocos de neve caídos sobre a pelagem básica.
• Pintas ou Manchas: pontos claros ou escuros sobre uma parte do corpo, geralmente sobre a garupa.

Além das características peculiares da pelagem, outras particularidades são encontradas na raça Appaloosa, como despigmentação ao redor dos olhos, além da esclerótica branca evidente (área ao redor da córnea), despigmentação ao redor do focinho, cascos rajados e despigmentação na genitália, observadas em machos e fêmeas.

ÁRABE

Fig. 10.10 PSA

Muitas são as lendas a respeito da Raça Puro Sangue Árabe, por inúmeros historiadores considerada a mais antiga do mundo. Seus relatos mais antigos datam do ano 1.600 AC, ou seja, há mais de 3.500 anos em afrescos do antigo Egito.
Em uma delas conta-se que Maomé depois de uma longa caminhada mandou que soltassem os animais para beber água. A seguir chamou-os de volta e apenas cinco éguas o atenderam. Então Maomé abençoou estas éguas e delas descendem as cinco linhagens famosas que compõem os criatórios da raça.
Outra lenda mais poética, reforçando a ascendência divina do cavalo árabe, conta que Alah pegou o vento sul e disse:
“Vou fazer de ti uma nova criatura. Terás o olhar da águia, a coragem do leão e a velocidade da pantera. Da gazela terás a elegância, do tigre a força e do elefante a memória. Teus cascos terão a dureza do sílex e teu pelo a maciez da plumagem da pomba. Terás o faro do lobo e saltarás como o gamo. À noite serão teus os olhos do leopardo e se orientará como o falcão que sempre retorna à origem. Serás incansável como o camelo e terás o amor do cão pelo seu dono. E por fim, como presente para fazer-te cavalo e chamar-te Árabe, terás a beleza da Rainha e a majestade do Rei.”
A raça árabe foi introduzida no Brasil na década de 20, em criatórios no Rio Grande do Sul, porém a história registra diversas importações desde o século XIX. Também foi grande importador o Departamento Animal de São Carlos, interior de São Paulo. Inicialmente foi muito utilizada como melhorador do plantel de equinos de fazendeiros da região.
A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Árabe foi fundada em 1964, por Aluysio Faria, que reuniu no Stud Book do Cavalo Árabe todos os registros do RS e de São Carlos, dando grande impulso ao criatório nacional.
Hoje o Stud Book conta com mais de 35.000 cavalos registrados e mais de 3.200 haras inscritos e distribuídos por todo o país.
Lendas à parte, devido às suas características obtidas pela seleção como cavalo do deserto, o cavalo árabe possui excelente resistência e rusticidade. Muito utilizado para guerras, é um cavalo de coragem e inteligência acima da média.
Além disso, o cavalo árabe, devido à sua prepotência genética (alta capacidade de transmitir características a seus filhos) é muito utilizado para mestiçagem, transmitindo e melhorando características para cavalos de trabalho e esporte. O Stud Book do cavalo Árabe registra os produtos mestiços, sempre oriundos de um pai PSA com uma égua de qualquer raça, ou mestiça árabe, cujo produto deverá conter, ao lado do nome, seu grau de sangue. Os mestiços da raça árabe têm grande destaque nos mais diversos esportes equestres, como CCE, Hipismo Rural, Hipismo Clássico, Enduro, Rédeas, etc.
A raça árabe foi muito utilizada na história equestre mundial como formadora de outras raças, como por exemplo, Quarto de Milha, Puro Sangue Inglês, Hanoveriano, Trackenher, Orlof, Sela Francês, entre muitos outros.
Dentre as principais utilizações do cavalo árabe no Brasil destacam-se as provas de Halter (Conformação), Performance (montarias em vários estilos, como Western Pleasure, English Pleasure, Prova de Tração, Traje Típico, Trail Horse e Hunter Pleasure), Corrida (realizadas principalmente no Jockey Club do Paraná), Enduro, Hipismo Clássico e Rural, CCE, Laço, Rédeas e Vaquejada (principalmente no estado do Ceará).
As pelagens aceitas na raça são tordilho, castanho, alazão e suas variações. Pampa e Pintado permitidos para os Cruza Árabe, mas não para o Puro.
Os animais possuem altura mínima 1,42 m e máxima de 1,58 m com peso médio entre 360 e 460 kg, com andamento tipo Trote.

BRETÃO

Fig. 10.12 Bretão

A origem da raça Bretão teve início em 1830 na França, mais precisamente na região da Bretanha (Noroeste da França).
O livro genealógico iniciou-se em 1909 e hoje é controlado pelo Syndicat des Eleveurs du Cheval Breton.
O Bretão teve como raças formadoras as Raças Suffolk (inglesa), Ardennes e Percheron (francesas) que foram sendo cruzadas com éguas nativas de médio e grande porte do Noroeste da França e que, após anos de seleção, conseguiram um padrão no qual se dividia em três tipos: Trait, Postier e o Petit Breton, sendo que hoje o tipo mais difundido é o tipo Trait.
O Bretão foi trazido para o Brasil pelo Exército, que precisava do animal para puxar os equipamentos de artilharia. As primeiras importações ocorreram em 1927 pelo Estado de São Paulo. Entre 1932 e 1956, o Exército Brasileiro importou perto de cem reprodutores para as Coudelarias de Tindiqüera-PR, de Rincão-RS, Pouso Alegre-MG e Campo Grande-MS.
Através dos programas de expansão da raça, muitos governos estaduais e criadores particulares receberam, através de empréstimo, garanhões do Exército para cruzar com as éguas Bretãs e éguas comuns (as éguas puras eram adquiridas em leilões realizados pelo Exército).
Com a desativação da maioria das coudelarias do Exército na década de 70, devido à chegada da mecanização agrícola, o já reduzido rebanho centralizado em Tindiqüera-PR foi vendido em leilão e algumas dezenas de criadores paranaenses cuidaram de sua preservação.
Novos produtos foram adquiridos ou emprestados para cruzamentos que ajudaram a aumentar o plantel paulista, que ganhou mais três fêmeas e um garanhão importados da França em 1976 e outros seis animais em 1983. Os produtos foram sendo comercializados em leilões anuais e comprados por criadores de todos Estados, mas principalmente de São Paulo e Minas Gerais. Outras importações foram feitas ao longo dos anos melhorando muito a qualidade dos animais, tendo hoje o Brasil o segundo maior plantel desta raça, perdendo somente para a França, com exemplares dignos de constar em qualquer plantel mundial.
A ABCCB foi fundada em 1982, em Curitiba, PR, onde funcionou até 1995, quando foi transferida para Jaguariúna, SP e posteriormente para Amparo, SP onde funciona até hoje.
Hoje a ABCCB tem registrado em seus livros em torno de 2.000 animais, entre puros de origem e mestiços e conta com cerca de 150 criadores e proprietários, concentrados nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais, já tendo alguns criadores no Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país.
É uma das raças preferidas dos pequenos e médios agricultores e é muito usado para puxar carroças e implementos agrícolas. Sua capacidade de tração é surpreendente, sendo capaz de tracionar, sob rodas, bem treinado e alimentado, até quatro vezes seu próprio peso, o que significa até 4.000 kg. Em provas de arrasto na França, tem-se o recorde de 1.940 kg de tração diretamente no chão.
A criação destes cavalos é extremamente simples, já que são criados a campo, devido a sua rusticidade. Tanto nas baias como nos campos, se alimentam de capim e a complementação se faz com sal mineral, podendo ser acrescida pequena quantidade de ração granulada, proporcionalmente em menor quantidade que para as outras raças. Enquanto em outras raças normalmente se oferece 1 kg de ração para cada 100 kg de peso vivo do cavalo, a estes animais bastam 0,5 kg a 0,8 kg para cada 100 kg de peso vivo.
Uma excelente característica da raça é que as fêmeas são excelentes produtoras de leite, podendo chegar a 32 litros diários, sendo então muito procuradas como Amas de Leite e Receptoras de Embrião.
O Cavalo Bretão no Brasil é muito utilizado para atrelagem, volteio, sela, trabalho florestal, potência, ama de leite e receptora de embrião.
O Bretão é um cavalo de tração de porte médio, brevelínio, com temperamento dócil e de fácil manejo.
As pelagens aceitas na raça são alazão e castanho e suas variações, inclusive rosilha, não sendo admitidas a tordilha, pampa e albina.
Os animais possuem altura mínima de 1,52m para machos e 1,47 m para fêmeas, podendo chegar a 1,70m, com peso médio de 850 kg para machos e 650 kg para fêmeas, podendo chegar a 1.100 kg, com andamento tipo Trote.

CLYDESDALLE

Clydesdale2

Origem: 1837 na Escócia. Ganhou este nome por ter sido criado primeiramente próximo ao Rio Clydes, num vale em Lanarkshire, e depois sua criação se espalhou por toda Escócia e Nordeste da Inglaterra.
A principal raça formadora foi o Shire, de origem inglesa, que, cruzado com éguas da região do Rio Clydes, formou o Clydesdale (que significa Vale do Clydes).
A Clydesdale Horse Society foi fundada em 1877 na Inglaterra. Hoje após grande promoção, está amplamente difundida no mundo, principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, sendo representada pelas Associações de cada país.
No Brasil, em 1999 foram importados dois exemplares para São Paulo, mas eram machos castrados. Em 2008 e 2010 foram importados para o Estado do RJ e SP outros exemplares que constituem um plantel de cerca 20 animais.
As principais características deste célebre cavalo são uma combinação do peso, tamanho e vivacidade, sendo que sua característica peculiar, admirada pelos entusiastas é a qualidade excepcional do conjunto casco e membro.
Não há associação de criadores oficialmente constituída no Brasil.
As pelagens admitidas são Zaina, castanha, negra e raramente a alazã e a tordilha. O branco é visto nas faces e pernas e frequentemente no corpo.
A Altura média situa-se entre 1,60m e 1,80m, com peso variando de 750 a 900 kg, sendo que garanhões formados ou castrados podem chegar ao peso acima dos 1000 kg. O andamento é trote.

CRIOULO

Fig. 10.15 Crioulo

Os conquistadores espanhóis são responsáveis pela introdução dos cavalos no continente americano, no século XVI.
O Cavalo Crioulo predomina na região Sul, sendo a maioria descendente de Berbere e cavalos oriundos da Península Ibérica. Boa parte se pôs em fuga durante as batalhas, passando a viver livremente por muitas décadas, e a natureza encarregou-se de selecionar os mais adaptados às planícies dos pampas e ao clima.
A Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos fundada em 1932, conta hoje com mais de 180.000 animais vivos registrados no Stud Book e mais de 2.100 associados por todo o Brasil, com maior incidência nos estados do Sul e São Paulo.
O crioulo é adequado às necessidades dos criadores de gado do Sul, que precisam de animais que cubram grandes distâncias, muitas vezes em condições difíceis, enfrentando os rigores do frio, por exemplo.
Características: É um cavalo extremamente forte e saudável. Vive em condições climáticas extremas: calor ou frio, com um mínimo de alimentação. É um ótimo cavalo para lida no campo, devido à sua incrível resistência e longevidade.
Uma particularidade desta raça é o limite máximo de estatura, que não deve ultrapassar 1,50m, apesar dos animais terem aptidão genética para estatura maior.
É um animal muito versátil sendo utilizado para provas do tipo Campereada (prova semelhante ao Team Penning), Chasque (prova para avaliar a recuperação do animal em percursos de 300m em diversos andamentos), Paleteadas (condução de uma rês por dois cavaleiros que devem passar por diversas porteiras em percurso pré-determinado), Enduro (30 a 80 km), Marcha de Resistência (750 km) e a principal delas o Freio de Ouro, que consiste em avaliação morfológica e funcional dos animais.
São admitidas todas as pelagens e particularidades. Somente não serão aceitas as pelagens pintada e albina total.
A altura para machos mínima é de 1,40 m e máxima de 1,50 m e para fêmeas e machos castrados, a mínima é de 1,38 m e a máxima de 1,50 m, com peso médio de 400 kg. O andamento é a marcha trotada.

FRIESIAN

Friesian13

Cavalo originário da Holanda. A primeira citação por escrito da existência do cavalo friesian data de 1544. Sendo uma das raças mais antigas da Europa esteve próximo da extinção em várias ocasiões. Graças à devoção de um grupo de apaixonados foi sendo desenvolvida e difundida, e goza hoje de grande popularidade em todo o mundo.
Em 1879, em Roodahuizum, se constitui o Registro Genealógico do Cavalo Friesian, nascendo assim a FPS e dando-se o primeiro passo para a salvação da raça.
No final do século XIX e início de XX, o Friesian que era utilizado para trabalhos agrícolas e tração de artilharia, sofre uma dura concorrência com duas raças de tração pesada e que os agricultores começaram a preferir, chamadas Bovenlanders, pois eram mais fortes e próprios. O Friesian chegou próximo do fim em 1913, onde restaram somente três garanhões em atividade reprodutiva: Prins 109, Alva 113 e Friso 117.
Foi nessa época que os agricultores, com a fundação da FPS, mudaram o foco de utilização dos Friesians visto que não eram a melhor opção para tração pesada, mas, na tração leve e na sela, começavam a se destacar. Em 1965 já se destacava e se fixava como um cavalo ideal para a equitação de prazer e começava a mostrar seu potencial em algumas disciplinas esportivas.
Os primeiros exemplares importados para o Brasil foram em 2008 para o Paraná, onde se estabeleceu um criatório. Hoje existem outros exemplares em São Paulo, todos oriundos de importação independente, pois não há associação de criadores oficialmente constituída no Brasil.
A pelagem típica é a negra, e esse é um dos grandes diferenciais da raça.
A altura média varia de 1,50m a 1,70m, com peso médio de 600 kg. O andamento é o trote.

LUSITANO

Fig. 10.17 Lusitano

Os cavalos selvagens ibéricos foram cruzados com cavalos berberes durante os oito séculos em que os mouros dominaram a região, e dessa cruza resultou o Andaluz. Com a formação de Espanha e Portugal, a raça é chamada de Puro Sangue Lusitano, enquanto na Espanha é registrada como Pura Raça Espanhola.
Como foram os espanhóis e portugueses que colonizaram a América, o Andaluz tornou-se responsável pela formação de boa parte das raças nacionais, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, como a Campolina, Campeiro e os dois tipos de Mangalarga.
Apesar dos primeiros animais terem chegado ao Brasil por volta de 1540, a criação nacional melhorou muito com a vinda da corte real para o Brasil, no início do século XIX, quando D.João VI trouxe diversos animais da Coudelaria de Alter, que eram Lusitanos criados pelo rei, então chamados Alter Real.
Após a independência do Brasil, a raça foi praticamente extinta no Brasil, sobrevivendo apenas seu sangue nas raças nacionais a que deu origem.
Em meados do século XX, diversas tentativas de reintroduzir animais desta raça foram feito sem o devido sucesso, até o ano de 1966, quando um toureiro espanhol se estabeleceu em Teresópolis, RJ, dando origem ao primeiro criatório oficial da raça, que, no entanto, somente teve impulso na década de 70, quando novas importações foram feitas por diversos criadores que fundaram a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Andaluz, em 1975.
A Revolução dos Cravos em Portugal deu o impulso final para o patrimônio genético do criatório nacional. Com medo de perder seus animais, importantes criadores portugueses venderam a maioria de seus animais, reserva genética, a alguns criadores brasileiros que trouxeram ao Brasil o que foi possível em um navio cargueiro, em 1976.
Em um acordo feito com a Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Lusitano (APSL), em 1991, a associação brasileira mudou seu nome para Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Lusitano (ABPSL) e tem a reciprocidade de registros nas duas associações.
Hoje a ABPSL possui mais de 6.000 animais registrados no Stud Book e conta com mais de 140 criadores por todo o Brasil.
É um cavalo utilizado para touradas na Espanha e Portugal, devida a sua extrema inteligência, sendo um ótimo animal também para Sela, Adestramento e Equitação de Trabalho, além de ser utilizado para Salto, Atrelagem, Enduro e Volteio
As pelagens aceitas para registro são tordilha, Castanha, Alazã, Preta, Baia e todas as suas variações.
A altura média dos machos é de 1,60m e das fêmeas, 1,55m, com peso médio de 500 kg. O andamento é o trote.

MORGAN

Fig. 10.21 Morgan

A raça Morgan surgiu nos Estados Unidos no final do século XVIII originária do cruzamento de Puro Sangue Inglês com uma égua mestiça de raça selvagem e provavelmente Hackney (raça de atrelagem leve).
Aparentemente foi um cruzamento acidental realizado por Justin Morgan que deu o nome de Figure ao potro nascido deste cruzamento. Este animal mostrou-se excelente trotador, tendo destaque em competições de corrida, salto, tiro leve, desfile, etc. e transmitindo suas excelentes qualidades a seus descendentes, surgindo assim a raça.
É considerado um cavalo de tiro leve, apto à sela e atrelagem de competição e lazer.
O inicio da raça no Brasil se deu em 1934, com a importação de dois casais dos EUA para o estado do Rio Grande do Sul. O livro de controle de registro foi aberto nesse ano e contabilizou seis animais, quatro machos e duas fêmeas, mais duas fêmeas em 1935, ficando desativado até 1984, quando ocorreram novas importações dos EUA, e desde então se tem mantido regular.
O controle de registro genealógico é feito pela Associação Nacional de Criadores “Herd-Book Collares”, com sede em Pelotas, RS, e que até 2005 contabilizou 102 animais puros registrados.
A partir de 1988 abriu-se um livro para controle de animais Puros por Cruza Absorvente, que contabiliza 292 animais registrados, um livro para controle de animais Mestiços, que contabiliza 107 animais registrados e um livro para controle de éguas-base para obtenção de meio sangue, que contabiliza 73 animais.
As pelagens aceitas são Alazão, Castanho e Negro.
A altura média situa-se entre 1,50m e 1,60m, com peso entre 400 e 600 kg. O andamento é o trote.

PAINT HORSE

Fig. 10.23 Oveiro

Falar sobre a origem do Paint Horse é obrigatoriamente passar pela história do Quarto-de-Milha, pois o Paint é derivado deste, que também tem origem norte–americana, sendo o resultado do cruzamento do Puro Sangue Inglês com o nativo e selvagem Mustang Americano.
O Quarto-de-Milha passou a discriminar o cavalo com machas, classificado como “Artigo 53”. Essa regra desprezava animais que tivessem qualquer mancha branca acima de cinco centímetros quadrados no corpo, acima do joelho do animal ou entre o canto da orelha até o canto da boca. Eles então não podiam reproduzir e eram eliminados da raça.
No início da década de 60, os norte-americanos perceberam no Paint Horse um cavalo extremamente versátil, dócil e, com a vantagem da pelagem, ou seja, um Quarto-de-Milha exótico.
Em 1962, nos Estados Unidos, foi fundada a American Paint Horse Association, que reúne aproximadamente 48 mil criadores.
Por sua semelhança morfológica com as raças Quarto de Milha e Appaloosa, o cavalo Paint possui as mesmas funções e provas que estas raças: Conformação, Apartação, Rédeas, Team Penning, Bulldogging, Laço em Dupla, Corrida, Baliza, Tambor, etc.
Com características morfológicas semelhantes ao Quarto de Milha, o grande diferencial é a pelagem.
Cada Paint tem uma combinação particular de branco em qualquer outra cor dos equinos. As manchas podem ser de qualquer forma ou tamanho e podem ser localizadas virtualmente em qualquer lugar do corpo do animal.
As variedades de pelagem característica do Paint Horse podem ser de 03 tipos:
1) OVERO: O branco não ultrapassa as costas do cavalo entre a cernelha e a cauda: pelo menos, uma pata ou todas as patas são escuras: o branco é irregular e um tanto espalhado.
2) TOBIANO: A cor escura geralmente cobre um ou ambos os flancos, e a cor branca vai passar o lombo entre a cernelha e a cauda. Geralmente todas as quatros patas são brancas.
3) TOVERO: Mistura de características Overo e Tobiano.
A altura média é de 1,50m, com peso médio de 500 kg. O andamento é o trote.

PERCHERON

Fig. 10.27 Percheron

Os cavalos da raça Percheron, são oriundos da França, e conhecidos por sua grande força associada a uma surpreendente elegância. Muito difundida nos Estados Unidos, a raça ganhou notoriedade por volta do século XIX, quando era responsável por quase todo o trabalho de tração em fazendas e na cidade. Com a modernização e mecanização mundial, a raça foi quase totalmente esquecida, voltando a ter prestígio por volta do ano de 1960. Desde então é utilizada em pequenas fazendas, como cavalo de tração, e para animar eventos e jogos, puxando charretes.
Originário da região do nordeste da França, em Le Perche (províncias de Sarthe, Eure-et-Loir, Loir-et-Cher, L’Orne), o Percheron em sua formação recebeu misturas das raças Shire, Belga e Árabe. Ele deriva de cavalos orientais e normandos, misturados há muitos séculos e posteriormente cruzados com raças pesadas de tração, aparentemente cruzados novamente com poucos árabes.
O cavalo Percheron chegou ao Brasil no início do século XX, mais precisamente na década de 20, trazido pelo Exército Brasileiro, pela Cia. Matarazzo e a Companhia Cervejaria Antarctica. Esses cavalos eram usados para puxar as carroças de entrega dessas companhias na cidade de São Paulo.
Somente em 1936 foram registrados os primeiros animais no Stud Book Brasileiro da raça, que funciona até hoje em Pelotas – RS na Associação Nacional de Criadores “Herd-Book Collares” – e está aberto aos registros de animais Puros de Origem (P.O. e P.O.I.), Puros por Cruzamento Absorvente (P.A.), Mestiços (M.M.) e Éguas Bases (E.B.).
O Stud Book conta com 711 animais Puros de Origem, 122 Puros por Cruza Absorvente, 531 Mestiços e 920 éguas base para obtenção de meio sangue, inscritos desde sua abertura.
Atualmente existem poucos criadores de Percheron no Brasil. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e, principalmente Rio Grande do Sul são os que possuem maior concentração de cavalos dessa raça.
Ele divide com o Bretão a preferência dos pequenos e médios agricultores e é muito usado para puxar carroças e implementos agrícolas. Assim como a do Bretão, a criação destes cavalos é extremamente simples, já que são criados a campo, devido a sua rusticidade. Tanto nas baias como nos campos, os Percheron se alimentam de capim e a complementação se faz com sal mineral, podendo ser acrescida pequena quantidade de ração granulada, proporcionalmente em menor quantidade que para as outras raças. Enquanto em outras raças normalmente se oferece 1 kg de ração para cada 100 kg de peso vivo do cavalo, a estes animais bastam 0,5 kg a 0,8 kg para cada 100 kg de peso vivo.
Uma excelente característica da raça, assim como o Bretão, é que as fêmeas são excelentes produtoras de leite, podendo chegar a 35 litros diários, sendo então muito procuradas como Amas de Leite e Receptoras de Embrião.
É um cavalo que pode ser utilizado para Atrelagem (principal função), Potência, Sela, Trabalho Florestal, Ama de Leite e Receptora de Embrião.
Apesar de ser um animal pesado, sua aparência não é tão atarracada como a do Bretão, pois sua estatura média é superior. Suas pernas são pouco mais curtas que a dos cavalos comuns e bem mais fortes.
Com relação à pelagem, predomina a tordilha, em suas nuances, de tordilho negro tordilho claro, mas também é permitida a negra.
A altura está entre 1,60m e 1,70m e o peso situa-se entre 800 e 1.000 kg. O andamento é o trote.

PÔNEI

Pôneis são equinos de baixa estatura, com as mesmas origens dos equinos em geral.
Na Europa são designados quaisquer equinos com estatura inferior a 1,50m e podem ser de várias raças dependendo do país de origem.
Os primeiros pôneis foram selecionados da necessidade das minas de minérios em animais de baixa estatura e fortes para retirar as cargas de minérios das minas nos corredores estreitos e íngremes.
No Brasil, a Associação Brasileira de Criadores de Pônei, fundada em 1965, controla o registro genealógico de algumas raças como Pônei Brasileiro, Piquira, Fjord, Haflinger, Shetland e Wesh Pony, Pônei de Hipismo e Reit Poney, estes dois últimos com apenas 15 e 08 animais registrados na associação, respectivamente.
A associação conta atualmente com 1963 associados, sendo 300 bastante atuantes, espalhados por todo o Brasil, tendo próximo de 38.000 animais registrados de todas as raças.

FJORD

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O Fjord é originário da Noruega, sendo uma das raças mais antigas do mundo, sendo selecionados há 2.000 anos. São rústicos de fácil adaptação climática e geográfica. O criatório nacional conta com 48 animais registrados na associação.
São muito utilizados para equitação, tração e adestramento
A pelagem mais comum é a baia, sendo característica desta raça, podendo-se encontrar lobuno e amarilho.
A altura varia entre 1,37m e 1,47m, com peso médio de 400 a 500 kg. O andamento é o trote.

HAFLINGER

De origem austríaca, o Haflinger possui cascos duros e resistentes, que lhe permitem andar com facilidade em terrenos acidentados. É um animal ágil, resistente, forte e de boa índole, tendo sido muito utilizado pelo exército alemão nas duas grandes guerras. O criatório nacional conta 500 animais registrados na associação.
Uma de suas principais marcas é a pelagem, sempre alazã, com variações, de crina e cauda clara.
A pelagem característica é a alazã uniforme, indo do bege claro (café com leite claro), até o avermelhado, com crinas e caudas cheias compridas e de coloração quase branca.
A altura para machos ideal é de 1,42m a 1,50 m e para fêmeas de 1,38 m a 1,48 m, com peso entre 350 e 450 kg. O andamento é o trote.

SHETLAND

Fig. 10.32 Pônei de ShetlandOriginários das Ilhas Shetland na Escócia, o pônei de Shetland é a menor das raças equinas do Reino Unido.
Suas origens datam de 2.500 AC, sendo muito resistentes e ágeis. São animais de ótima índole, dóceis, inteligentes e de fácil treinabilidade, por isso são muito utilizados como animais de carga em minas de grande profundidade.
O criatório nacional conta com 90 animais registrados na associação.
São permitidas todas as pelagens, sendo as mais comuns castanha, negra e tordilha.
A altura está entre 0,65m e 1,21m, com peso médio de 150 a 200 kg. O andamento é o trote.

WELSH PONY

Fig. 10.33 Welsh PôneiOriginário da Escócia, o Welsh Pony assemelha-se ao Puro Sangue Árabe em sua morfologia, provavelmente pela miscigenação ocorrida com esta raça há 300 anos nas montanhas de Gales, sendo, é claro, de porte muito menor.
O criatório nacional conta com 25 animais registrados na associação.
Pode ser utilizado para atrelagem leve, adestramento, salto, sela, enduro e cavalgadas.
São permitidas todas as pelagens, exceto albinoide, Appaloosa e Pampa.
A altura máxima é de 1,22m, com peso entre 150 e 250 kg. O andamento é o trote.

PURO SANGUE INGLÊS – PSI

Fig. 10.34 PSI

A raça Puro-Sangue Inglês (Puro Sangue de Corrida) foi formada na Inglaterra, no inicio do século XVIII, durante o reinado de Charles II.
Teve como base alguns garanhões Árabes, destacando-se entre eles Darley Arabian, Bierley Turk e Godolphin Barb, que foram cruzados com éguas nativas das ilhas Britânicas, sendo fundamentais 30 éguas selecionadas e pertencentes ao Haras Real, denominadas Royal Blood Mares.
Os primeiros produtos registrados no Stud Book Inglês (General Stud Book) datam de 1704.
A seleção da raça foi feita objetivando-se a disputa de corridas de longa distância.
Sendo oriunda de uma rigorosa seleção atlética para competições, o PSI é um animal muito bem desenvolvido, com grande agilidade e ótima estrutura óssea e muscular.
Devido às suas características raciais bem definidas pelo rigoroso processo de seleção dos últimos 300 anos, o Puro-Sangue Inglês é muito utilizado como melhorador de outras raças, produzindo excelentes exemplares aptos para tração leve e para o esporte, como salto e adestramento, tendo entrado na formação de diversas raças, como Quarto-de-Milha, Mangalarga, Anglo-Árabe, etc.
Para ser aceito como puro, deve o Puro-Sangue Inglês apresentar oito gerações de animais puros registrados no Stud Book Oficiais.
É considerado o cavalo mais veloz do mundo em média distância, entre 800 m e 3.00 m, sendo esta, portanto, sua principal função, mas também tem aptidão para o salto e adestramento.
As pelagens aceitas são Alazão, Castanho, Preto e Tordilho e suas variedades.
A altura média é de 1,60m, com peso médio de 450 kg. O andamento é o trote.

QUARTO-DE-MILHA

Fig. 10.36 QM

(foto: Ana Clarck) O Cavalo Quarto de Milha surgiu nos Estados Unidos entre o século XVII e XVIII, originários de cavalos trazidos pelos espanhóis. Estes animais foram cruzados com éguas oriundas da Inglaterra, produzindo cavalos fortes, compactos, musculados, capazes de cobrir curtas distâncias, mais rápido que qualquer outra.
Muito utilizado pelos cowboys na lida diária com o gado, também foram selecionados para corridas de curta distância em 402 m (um quarto de milha, daí o seu nome), sendo imbatível neste intento.
Em 1940 foi fundada a American Quarter Horse Association (AQHA), sendo a maior associação de criadores de cavalos do mundo, com mais de 340 mil associados e 4.200.000 animais registrados.
A introdução da raça no Brasil deu-se pelo King Ranch que, em 1955, importou seis animais dos Estados Unidos.
Em 1969, foi fundada a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), tendo em seu Stud Book mais de 300.000 animais registrados, 8.000 criadores e mais de 35.000 proprietários espalhados por todo o Brasil.
O cavalo Quarto de Milha é muito utilizado hoje como animal de esporte em competições de diversas modalidades, atraindo centenas de cavaleiros em provas organizadas em inúmeras cidades do Brasil, contando com diversas modalidades, como Apartação, Bulldoging, Três e Cinco Tambores, Conformação, Corrida, Laço em suas diversas modalidades, Maneabilidade e Velocidade, Rédeas, Seis Balizas, Team Penning, Trail, Vaquejada entre outras.
As pelagens aceitas são Alazão, Castanho, Tordilho, Preto e suas variedades, além de Cremelo (pelo pode ser branco ou creme bem claro, crina e cauda brancas, pele cor-de-rosa ou rosada por todo o corpo e olhos azuis), Lobuno, Perlino (Pelagem creme bem clara ou branca, pele rosa ou roseada, crina, cauda e extremidades normalmente tem uma tonalidade mais escura cobre ou laranja e olhos azuis)
A altura média é de 1,50m e o peso médio é de 500 kg. O andamento é o trote.

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Para citação utilize: CINTRA, A.G.C.

Artigo publicado

  • Revista bilíngue Animal Business Brasil da Sociedade Nacional de Agricultura – set/12)

5 thoughts on “Raças de Cavalos Criadas no Brasil

  1. Muito bom o artigo gostaria de saber mais sobre a raça mustang e em que pode se aplicar a raça em competições ou desenver-lá.

    1. Olá Dario, o Mustang é uma designação dos cavalos selvagens existentes nos Estados Unidos.
      Desconheço exemplares disponíveis no Brasil.
      Por lá, existem exemplares à venda que podem ser encontrados no site https://www.equinenow.com/mustang.htm. Aí é entrar em contato e seguir trâmites de importação com profissional especializado.
      Att

    1. Olá Jacqueline, com essa nomenclatura sim. Outras raças até aceitam mas com nomenclatura diferente, mas a maioria das raças não aceita.

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